Vivemos numa sociedade que exige
elevados níveis de literacia em campos muito diversos, como diz Castells
vivemos num mundo novo, caracterizado por uma sociedade embrenhada e dependente
das tecnologias da informação e da comunicação, o que criou uma “descontinuidade
geracional” (Furtado & Oliveira, 2010, p.13) entre nativos
e imigrantes digitais. Neste contexto, todos aqueles que cresceram rodeados de
tecnologia e que, por isso, têm um mais apurado espírito explorador, mais
confiança na tecnologia e na rede (de informação), assim como estão menos
dependentes da presença física do Outro para estabelecerem contactos e redes de
amigos.
Atualmente, é impossível
não reconhecer a importância das redes sociais virtuais como meios de comunicação
e interação, porquanto são uma forma rápida e atrativa de estabelecer contactos
pessoais. Tanto jovens como adultos criam perfis e alimentam (com informação
pessoal) espaços virtuais que desejam partilhar com um grande número de “amigos”, parte deles
somente virtuais, mas com interesses comuns.
As grandes questões prendem-se com os
problemas que as redes sociais podem trazer à vida de cada um, ou seja, as
desvantagens e os problemas relacionados com o uso de redes sociais.
No jornal Público online (29 de abril de 2013) pode ler-se que “Há regras
básicas: ter cuidado com o tipo de fotografias e manter os pensamentos pessoais
num círculo restrito de família e amigos. Mas o Facebook, com um complexo
sistema para determinar o que é público e o que está disponível apenas para
círculos restritos, é propício a deslizes – até porque muitos utilizadores
são "amigos" no Facebook dos chefes e de colegas de trabalho de quem
não são particularmente próximos.”
Há algumas semanas, a revista Visão publicou um caso de dois
professores portugueses que acabaram despedidos por causa de uma fotografia
publicada no facebook de um deles. Aparentemente inocente, a fotografia
mostrava um dos professores enfastiado com o muito trabalho que tinha e apresentava
isso com algum sentido de humor. O que não foi bem visto pela direção do
colégio onde trabalhavam há alguns anos e por isso os despediu.
Mas os problemas não se ficam pelos
adultos. A quase ausência de controlo eficiente da idade de quem cria uma
página pessoal nas redes sociais, faz com que qualquer miúdo altere a sua data
de nascimento e possa ter o seu espaço virtual, onde mostra fotos e dá informações
pessoais de modo a atrair muitos amigos.
Este é um terreno propício à atuação
de predadores sexuais, atentos às informações sobre localizações geográficas e
ao cyberbulling. Quando se trata de crianças ou jovens, os “deslizes” nas redes
sociais poderão ter consequências dramáticas e absurdas. A divulgação da escola
que se frequenta pode levar ao rapto e o cyberbulling já levou ao suicídio de
alguns jovens, fragilizados pela excessiva exposição na rede.
Os pais e as escolas, enquanto espaços
de aprendizagem e experimentação, devem formar para uma cidadania ativa e
critica. Todos devem saber usar as redes sociais e tirar proveito delas, mas é
essencial conhecer as regras que permitem um uso mais seguro das mesmas. Neste campo,
as bibliotecas escolares poderão dar o seu contributo fazendo formação dos seus
utilizadores, usando os bons recursos do Seguranet, por exemplo.
Marc Prensky, criou a
expressão “nativos digitais”, em 2007, para designar os elementos da geração
nascida nos anos 80 do século XX e que são hoje cerca de 50% da população
activa do planeta.